As mudanças climáticas podem provocar impactos negativos profundos na economia. Em razão de ações naturais, mas, também, ações antrópicas (causadas pelo ser humano), segundo evidenciado no 6º relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), inúmeras alterações climáticas têm ocorrido, como o aumento do nível do mar, maior ocorrência de ondas de calor e outros desastres na natureza, acarretando sérias consequências como a crise energética, a imprevisibilidade para a produção de alimentos e aumento das desigualdades.
O setor de energia elétrica é um dos mais impactados pelas mudanças climáticas e de grande preocupação nas esferas pública e privada. Como um dos resultados da grande emissão de gases de efeito estufa ocorrem alterações nos ciclos de chuva em diversas regiões, o que pode provocar crises hídricas.
Assim, em razão de 67% da energia no Brasil, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, ser gerada por usinas hidrelétricas, que utilizam a força dos rios, no caso de não ter chuva suficiente para o regular ciclo dos rios, a produção energética é prejudicada. Portanto, além de afetar a vida de cada um de nós na sociedade, que poderá ter possíveis racionamentos de energia caso a situação apresente sinais de piora, a economia é impactada, pois, embora cerca de 10,9% da produção energética seja proveniente de usinas eólicas e 2% de energia solar, segundo fontes do Ministério de Minas e Energia e Operador Nacional do Sistema Elétrico, a maior parte provém da energia das águas.
Com a crise hídrica, a produção de energia é afetada e provoca um considerável aumento na conta de energia elétrica para todos, e a economia depende dela para o funcionamento de diversas indústrias, estabelecimentos, tecnologias que precisam estar ligadas a tomadas, entre outros objetos essenciais para as atividades das inúmeras profissões exercidas no Brasil e que movimentam a economia do país.
Além do mais, a produção de alimentos sofre imprevisibilidade e pode ter a redução da sua produtividade. Assim, as mudanças climáticas dificultam o planejamento dos plantios, e maiores períodos de secas podem perturbar o desenvolvimento das plantações, já que,
conforme especialistas entrevistados pelo portal G1, o clima influencia cerca de 30% sobre as plantações. Em consideração a isso, com maior demanda no mercado e menor oferta de alimentos, estes são ofertados com preços mais altos, impactando negativamente a economia, já que a população precisa pagar mais caro, e dificulta a compra de alimentos por aqueles que estão desempregados, possuem baixa renda ou vivem em situações de vulnerabilidade.
Outro ponto de destaque é a maior ruptura social causada pelas mudanças climáticas, o que também afeta a economia. Pois, além das questões já mencionadas, com o aumento de desastres naturais, aqueles que estão em locais vulneráveis são ainda mais afetados, podendo perder suas moradias e ficar desabrigados. Isso prejudica o direito de vida digna dessas pessoas, e, também, engloba questões de infraestrutura, já que acaba sendo necessário aumentar investimentos públicos e privados para reconstruções e para trazer soluções a esses pontos tão relevantes.
Dessa forma, quanto maior a necessidade de investimentos emergenciais, e não de prevenção, a economia sofre impactos, já que pode ocorrer o redirecionamento de verba de um setor para outro, sem um devido planejamento.
Diante disso, as mudanças climáticas podem provocar impactos negativos em diferentes áreas relacionadas à economia, como o setor energético, de produção de alimentos, e a desigualdade social. Portanto, para manter um regular funcionamento da economia é essencial buscar o desenvolvimento sustentável, com equilíbrio socioeconômico e ambiental, através do investimento em conhecimento e ciência a fim de trazer soluções sustentáveis.
Texto por Débora Jeronymo, Líder da Realidade Climática.
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