Líder em Destaque: Fernanda Matos leva o olhar brasileiro ao IPCC
- The Climate Reality BR

- há 1 hora
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Líder da Realidade Climática, mentora e vencedora do Green Ring Awards, Fernanda Matos acaba de alcançar mais um marco em sua trajetória: foi selecionada como revisora especialista do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um dos espaços científicos mais relevantes do mundo. A participação integra a revisão do Special Report on Climate Change and Cities (SRCITIES), relatório especial que conecta ciência climática e dinâmicas urbanas.
Em entrevista, Fernanda explica que o processo de seleção do IPCC é público, internacional e altamente criterioso. Especialistas de todo o mundo se inscrevem demonstrando sua experiência acadêmica e profissional em temas ligados às mudanças climáticas, cidades e políticas públicas. Após avaliação, os selecionados passam a integrar o grupo de revisores do First Order Draft. “Ser aceita para revisar o SRCITIES representa uma grande oportunidade de aprendizado e, ao mesmo tempo, de contribuição a partir de uma perspectiva intersetorial e sul-americana, especialmente em temas como governança das águas, gênero e justiça climática, que orientam minha atuação”, destaca.
"O IPCC se preocupa em garantir que os relatórios reflitam diferentes saberes, contextos regionais e uma visão equilibrada, baseada em evidências”
Na prática, o papel de uma revisora do IPCC é analisar criticamente o conteúdo técnico, científico e socioeconômico do relatório em elaboração. Fernanda explica que o trabalho envolve comentar a precisão, a consistência e a relevância política dos textos, sempre com base na própria expertise. “É um processo científico colaborativo e global. O IPCC se preocupa em garantir que os relatórios reflitam diferentes saberes, contextos regionais e uma visão equilibrada, baseada em evidências”, afirma. O resultado final se torna referência para formuladores de políticas públicas, gestores e pesquisadores em escala mundial.
Para Fernanda, a presença de especialistas brasileiras e brasileiros nesse espaço é estratégica. Ela observa que cerca de 130 brasileiros(as) foram aceitos(as) para colaborar na revisão do documento, mas apenas 13 revisores(as) efetivamente aportaram contribuições analíticas dentro do prazo, que se encerra em 12 de dezembro. “Essa participação qualificada é fundamental para ampliar o diálogo entre ciência, saberes locais e políticas públicas, conectando a produção de conhecimento global com as realidades territoriais do Brasil e do Sul Global”, ressalta. Segundo ela, a diversidade social, ambiental e urbana do país oferece aprendizados essenciais para a agenda climática internacional.
Fernanda também chama atenção para a importância da representatividade. A presença de mulheres brasileiras no IPCC fortalece a inclusão de perspectivas de gênero e justiça social nos debates globais sobre clima e cidades. “Nosso olhar ajuda a tensionar soluções universais e a considerar desigualdades, vulnerabilidades e contextos específicos”, afirma.
Ao final, a mensagem de Fernanda para outras pessoas da rede Climate Reality que sonham em atuar em espaços internacionais é direta e inspiradora. “É preciso acreditar no valor da própria trajetória e lembrar que a ciência se constrói de forma colaborativa e plural. Há espaço para quem conecta conhecimento técnico, prática e compromisso com a justiça climática. Participar do IPCC exige dedicação e paciência, mas é uma oportunidade imensa de aprendizado e contribuição. O olhar brasileiro, especialmente o das mulheres engajadas, é indispensável para uma agenda climática verdadeiramente transformadora."




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