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Lúcia Chayb: a vida dedicada à construção da memória socioambiental no Brasil

  • Foto do escritor: The Climate Reality BR
    The Climate Reality BR
  • 1 de out.
  • 2 min de leitura

Atualizado: há 7 dias

Fundadora e diretora da revista ECO21, Lúcia Chayb é uma das pioneiras do jornalismo socioambiental no Brasil. Sua trajetória se confunde com a história da comunicação ambiental no país, marcada pela coragem de lançar uma publicação inovadora em um momento em que a pauta verde ainda engatinhava.


A história começou nos anos 1990, quando René Capriles, com experiência em ambientalismo europeu e inspiração em revistas como Le Sauvage e The Ecologist, idealizou uma publicação especializada. Ao lado de amigos jornalistas, criou a ECO-Rio. Mas o projeto enfrentou dificuldades financeiras logo nas primeiras edições. Foi nesse momento que Lucia entrou em cena. Formada em Comunicação pela UnB e UFRJ, trouxe não apenas paixão, mas também soluções criativas: pensou em imprimir a revista em papel reciclado, algo inédito à época. Com o apoio da fábrica Tanuri, nasceu a primeira revista brasileira impressa em papel reciclado. A emoção de ver a revista ganhar forma na gráfica foi o ponto de virada.

Lucia tem cabelos brancos presos, usando óculos escuros com lentes vermelhas espelhadas. Ela veste uma blusa branca bordada colorida e um lenço laranja no pescoço. Ao fundo, palmeiras altas, pessoas sentadas e caminhando, e o Pão de Açúcar no horizonte, em um dia ensolarado no Rio de Janeiro.

Na Rio 92, a ECO-Rio distribuiu 5 mil exemplares a chefes de Estado no Riocentro e marcou presença no Fórum Global com um estande próprio. Anos depois, em 1998, a publicação ganhou novo nome: ECO21, em homenagem ao século que se aproximava e à Agenda 21.

Ao longo de três décadas, a revista se consolidou como referência. Estudantes e pesquisadores utilizaram seus exemplares em trabalhos acadêmicos. Líderes como Maurice Strong, Rigoberta Menchú, Vandana Shiva, Lester Brown, Fritjof Capra além de cientistas e políticos brasileiros como Carlos Nobre, Marina Silva, José Lutzenberger, Carlos Minc, Izabella Teixeira e Samyra Crespo passaram pelas páginas da ECO21. A revista também reproduziu discursos históricos de Indira Gandhi, Al Gore, Fidel Castro, Mikhail Gorbatchev e outros. Sempre com independência editorial, abriu espaço para as ONGs e acompanhou de perto as COPs, o Protocolo de Quioto, o Acordo de Paris e os relatórios do IPCC.

Coleção de revistas ECO21 dispostas sobre um sofá e uma mesa. As capas trazem personalidades como Barack Obama, Marina Silva e outros líderes, além de imagens de natureza, povos indígenas, animais, obras de arte e símbolos ambientais. O layout das capas é marcado pelo título em amarelo com borda vermelha no topo.

Com a morte de René, a versão impressa foi pausada, mas Lucia seguiu firme com o portal eco21.eco.br com apoio de seu filho, também jornalista, Rudá Capriles. Hoje, o site mantém viva a missão de informar e formar consciências, abordando mudanças climáticas, economia circular, justiça climática, transição energética e temas socioeconômicos e culturais relacionados à ecologia.


Entretanto, manter uma plataforma independente tem custos. Com equipamentos obsoletos e sem apoio externo, a ECO21 lançou recentemente uma campanha de arrecadação no Catarse. O objetivo é modernizar o site, atualizar ferramentas digitais e garantir que a revista continue sendo um espaço de referência e memória socioambiental no Brasil.


Para Lucia, a comunicação é essencial diante do avanço do negacionismo climático:

“O importante é ouvir os cientistas e informar de forma clara, formando consciências e novas gerações que possam construir um mundo mais limpo, mais justo e menos desigual.”

Mais do que uma diretora, Lucia é guardiã de uma história que atravessa décadas, conecta gerações e reafirma a importância do jornalismo ambiental para um futuro comum.

 
 
 

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